Saiba o que significa na prática Dívida líquida / EBITDA e entenda como esse critério pode ser útil para avaliar uma ação.
Para saber a hora certa de vender ou comprar uma ação, você precisa avaliar objetivamente a empresa. Portanto, você precisa de critérios bem definidos para fazer essa avaliação. Foi o que eu te contei aqui: Venda de ações: qual é o momento certo para fazê-la?
Hoje eu quero explicar um desses critérios, Dívida líquida / EBITDA, para que você saiba utilizá-lo sempre que avaliar uma ação.
A importância dos critérios
Antes de te explicar o critério, quero reforçar contigo por que você precisa de critérios bem definidos para avaliar uma empresa/ação.
Na bolsa, você não pode ser refém do seu emocional, em especial, do medo. Sobretudo o medo de perder dinheiro.
Se você deixar suas decisões sofrerem influência emocional, a tendência é que você caia em dois grandes erros: reagir ao preço e sentir o efeito manada.
Erro 1: reagir ao preço
Uma vez que compra uma ação, você precisa estar ciente de que seu preço vai cair. Na queda, o medo te fará querer vendê-la.
O verdadeiro poder dos investimentos não está em comprar uma ação agora para vender 10% mais caro dentro de um ano, mas em acumular patrimônio ao longo do tempo.
Veja este gráfico das cotações do Bradesco (BBDC3)
Foram 8 quedas maiores do que 30% no período. Se vendesse suas ações em uma queda, perderia a valorização que o longo prazo proporcionaria.
Cuidado, você pode estar caindo em um dos 3 maiores erros do investidor iniciante.
Erro 2: efeito manada
Fazer o que todos estão fazendo te deixa seguro. Afinal, se todos fazem, a chance de dar errado é pequena.
Aí é que está a grande cilada: na bolsa, a grande maioria perde dinheiro.
Assim, ao contrário desse pensamento errado que te dá uma falsa segurança, se seguir a maioria, você vai acabar perdendo dinheiro.
Blindagem
Critérios objetivos te blindam contra vieses comportamentais e variações emocionais.
Acima de tudo, se a ação atendia a esses critérios quando você a comprou, não será um ruído de mercado que fará a empresa perder seu fundamento.
Dívida líquida / Ebitda: o que é?
Primeiramente, vamos entender o que significa cada conceito e depois como se relacionam.
Dívida líquida
A dívida de uma empresa
A dívida de uma empresa é diferente da minha e da sua dívida.
Enquanto uma pessoa física muitas vezes faz empréstimos para poder pagar suas dívidas, empresas costumam fazer empréstimos para se alavancarem. Em outras palavras, elas tomam dívidas para utilizar numa atividade na qual o retorno é maior que o juros da operação de crédito.
Por isso, a dívida em si não pode te assustar. Empresas têm dívidas. O endividamento, por sua vez, pode não ser um problema, mas sim algo positivo, como uma forma de se alavancar.
É aí que entra a dívida líquida, pois ela nos ajuda a avaliar o endividamento de uma empresa.
Calculando a dívida líquida
Para calcular a divida líquida, basta subtrair o dinheiro que a empresa tem em caixa e que possui livre circulação do seu volume de dívidas.
- Dívida líquida = Volume de dívidas – Disponibilidades
Uma empresa pode ter 500 mi de dívidas, mas 300 mi em caixa. Nesse caso, a dívida líquida é de 200 mi, apenas 40% do valor da dívida bruta.
Ela pode também não usar o caixa para quitar a dívida porque, por exemplo, o dinheiro aplicado rende mais do que o juros da dívida.
EBIT e EBITDA
EBITDA é a sigla para Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization. Em português, LAJIDA (Lucro antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização).
A diferença entre EBIT e EBITDA é que o primeiro não exclui a amortização e a depreciação, enquanto o segundo as exclui.
Eliminando amortização e depreciação, o EBITDA torna o resultado mais próximo do potencial de caixa de negócio.
Esse indicador passou a ter mais importância a partir de 2012, quando a Comissão de Valores Imobiliários (CVM) uniformizou seu cálculo (Instrução CVM 527/12).
EBITDA na prática
Em suma, o EBITDA informa o resultado operacional da empresa.
Quando exclui outras variáveis, o EBITDA garante uma análise mais apurado do desempenho que a empresa está tendo com a sua atividade principal.
Com esse indicador, temos o potencial de geração de caixa da empresa.
Dívida líquida / EBITDA: como usar o critério para avaliar ações?
Uma vez que entendemos o que quer dizer cada indicador, podemos relacioná-los.
Se a dívida líquida nos dá uma noção mais assertiva do endividamento e o EBITDA nos informa o resultado operacional, a razão entre os dois nos permite estimar quantos anos de operação são necessários para que a empresa quite sua dívida.
Ou seja, quanto menor é a razão entre Dívida líquida e EBITDA , mais rapidamente o lucro com a atividade principal da empresa paga sua dívida.
Menor quanto, Matheus? Vamos quantificar: Dívida líquida / EBITDA menor do que 3 é desejável quando avaliamos uma empresa.
Assim, se a empresa conseguir pagar sua dívida líquida com até três anos de seu resultado operacional, podemos dizer que ela atende a esse critério.
Caso essa razão seja maior do que 3, a dívida da empresa pode estar saindo do controle. Os juros aumentam e se forma uma bola de neve.
Dívida líquida / EBITDA: exemplo de empresas
Por fim, com os dados que o Status Invest fornece, vamos olhar para alguns EBITDA’s.
EQTL3
A Equatorial Energia (EQTL3) atende ao nosso critério. Veja que a dívida líquida sobre o EBITDA é de 2,15, ou seja, em pouco mais de dois anos, seu resultado operacional seria suficiente para quitar sua dívida líquida.
OIBR4
Olhando apenas Dívida Líquida / EBITDA, a OI não atende ao nosso critério. Precisaria, portanto, de mais de 47 anos de resultado operacional para arcar com a dívida líquida.
Conclusão
Critérios bem definitivos e objetivos te protegem de se deixar influenciar pelo emocional.
O critério Dívida líquida sobre EBITDA nos ajuda a avaliar a geração de caixa de uma empresa para pagar suas dívidas.
Quando avaliar uma ação, procure empresas que tenham Dívida líquida / EBITDA < 3.
Porém, este é apenas um critério. Acompanhe nosso blog, pois ainda vou te ensinar bastante coisa por aqui.
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